Querido Diário
Assim que Dezembro chega, pareço bipolar.
Por um lado é o natal e toda a parafernália que esta época me traz, são a montras todas enfeitadas a preceito, são as árvores de natal, as musicas, os cheiros, o frio, as cores de natal. Adoro isto tudo. Vibro com isto tudo.
Por outro lado, são recordações. Más recordações.
Somos o produto das nossas vivências, das nossas experiências, sejam elas boas ou más. Sou hoje o resultado de tudo o que passei na vida. O bom e o mau. Para a semana, vou andar com uma neura bem pior do que já estou hoje. Prefiro andar de mau humor, irritada e irritante do que assim. Triste, calada à espera que o dia 8 passe. Mas tentando a todo o custo que não se note. Com recordações de 5 anos vividos como se em estado de coma estivesse.
São recordações antigas, que se instalaram incrustadas na memória e que não desapareceram 28 anos depois.
Foram 5 anos em que a ingenuidade de menina foi morrendo. Lentamente. A cada mentira, a cada humilhação, a cada grito, a cada estalo, assim a minha ingenuidade se foi. Lentamente em 5 anos. Aprendi a ser mulher a cada lágrima, a cada soluço sufocado para ninguém saber, com vergonha que alguém soubesse.
Por isto e por mais, é que por aqui vou andar no limbo...por dentro. Que por fora, vão ser muitas as vezes que até irei brincar, rir e mostrar aquela mulher forte, bem disposta e sorridente...
(é para isto que os diários servem não é?)